A primeira mesa buscou resgatar a “História do SUS – Princípios e Diretrizes”, e contou com o palestrante Luiz E. dos Santos (mestre em Ciências da Saúde), e coordenação de Nice – CONAM, cuja abordagem trouxe elementos de quando o direito a saúde se dava apenas como caridade, através de instituições religiosas ou com órgãos de Estado como INPS e INAMPS que condicionava o acesso a saúde a quem tinha “carteira assinada”. Citou também o esgotamento desses modelos excludentes, e a histórica “VIII Conferência Nacional de Saúde, em 1986” que coincide com o fim da ditadura e a abertura democrática, seguida da Constituição de ’88 e os fundamentos do que viria a ser o SUS em 1990, através da Lei 8080.
A mesa seguinte: “Saúde da População Negra”, sob condução de Sheila Ventura (Presidente da Associação Pró Falcemicos), e coordenação de Zandra – UBM, trouxe o debate e a reflexão de um tema quase sempre esquecido – a Anemia Falciforme – uma doença que por suas características genéticas, atinge majoritariamente os negros e que, pela pouca atenção dada pelos serviços de saúde, provoca uma drástica queda na qualidade de vida de quem é acometido pela enfermidade. Foi um relato esclarecedor e emocionante feito por alguém que convive com a doença e embora não seja profissional da saúde, reuniu forças e conhecimento para ajudar sua família e outras pessoas que se encontram desamparadas.
Terceira mesa do dia abordou outro princípio do SUS, que é a “Participação e o Controle Social”, cujo expositor foi Jefferson Caprone (enfermeiro e diretor do COREN/SP), que falou da importância da dedicação de lideranças comunitárias acompanharem os conselhos em todas as suas instâncias, para assim assegurarem a melhoria na qualidades dos serviços prestados à população, e o uso adequado dos recursos públicos.
Na última mesa o assunto foi: “A Saúde e as Pesquisas na atual Conjuntura”, onde o Médico Jorge Venâncio (Presidente do CONEP, do Conselho Nacional de Saúde e Diretor CGTB), e coordenação Tonhão – FACESP, trouxe uma apresentação através de slides, onde mostrou o principal motivo pelo subfinanciamento do SUS e pelo pouco investimento em pesquisas. Segundo ele, tal motivo é a sangria dos recursos do povo brasileiro que são sugados para pagamentos da dívida pública que abocanha mais de um trilhão de reais por ano, ou 40,66% de todo o orçamento do país, fazendo a farra dos banqueiros. Somada a EC 95, e os cortes anunciados pelo Ministro da Educação, está dada a receita para o sofrimento da população e o atraso de pesquisas científicas em saúde, que poderiam salvar muitas vidas e impulsionar a economia.
Por último foi feita uma dinâmica a partir de um filme produzido pelo COSEMS – SP, e trazido pelo Diretor de Saúde e Meio Ambiente da FACESP e Conselheiro Estadual de Saúde – Alaor Vieira, que provocou os participantes a responderem como tornar os espaços de participação popular, institucionalizados, como conselhos e conferências, em ambientes mais democráticos e amplos. A ideia é motivar a maior participação das lideranças comunitárias com formas mais flexíveis e atrativas para essa militância.
O seminário teve grande adesão das entidades e das lideranças do movimento comunitário que souberam aproveitar um debate muito qualificado, que muito ajudará na levação do conhecimento a respeito do SUS, e como defendê-lo. Estiveram presentes companheiros e companheiras das seguintes cidades: São Paulo, Suzano, Guarujá, Ribeirão Pires, Santo André, Franco da Rocha, Ribeirão Preto e Santana do Parnaíba, dando grande representatividade ao evento.
Matéria por Tonhão – Diretor de Comunicação FACESP